Interessada com propagandas na escola, resolvi ir em um filme desse diretor que já ouvira ser polêmico, mas nunca tinha visto um filme assinalado por ele. Infelizmente, olhei a programação errada do dia errado e não consegui entrar em uma sessão. Assim, acabei procurando um dos filmes mais famosos e de Almodovar e assisti junto de minha prima. E, apesar de não ter funcionado ir até o Sesc Palladium para la analisar a produção, acho que minha experiência ainda conta...
A Pele em que Habito conta a história de um cirurgião louco interpretado por Antonio Banderas que, após a morte de sua mulher em um incêndio, usa uma cobaia para tentar encontrar uma pele perfeita (misturando DNA humano com o de porco). Isso é tudo que o filme nos conta no início. Assim surgem as questões, como quem é aquela mulher que tem o corpo usado para experimentos? Por que ela está presa em um quarto da casa? Por que a mansão só tem uma empregada? Quem é ela que parece ser mais que só isso?
Não responderei as perguntas em nome daqueles que ainda não assistirão o filme, mas no auge de nossa curiosidade os dilemas começam a se explicarem de uma forma calma e mas que só trás sentimentos de desgosto e incômodo para nós expectadores. Em certo momento você se apavora pensando no "será que..." E fica ainda mais horrorizado quando descobre que sua hipótese estava certa. O final do filme é para se refletir durante tempos: seria aquela história possível? Minha prima diversas vezes tornou a se indignar "Mas naquela cena do início do filme, era tal pessoa!" E eu fiquei na mesma reação.
Mas não comprei a história contada. A paixão enlouquecida, o trágico trauma de um assédio não me convenceram. É uma história interessante e aterrorizante, mas não promete um terror psicológico ou mesmo um drama simpatizante. Nenhum personagem, na minha opinião, conseguiu fazer com que torcêssemos por ele. Antonio Banderas é um louco que poderia ter esse potencial, mas durante todo o filme nenhuma diferença fazia se ele morresse ou não. Assim tambem com a personagem Vera, que deveria ser mais forte e nos fornecer um sentimento de vingança.
Como não participei de discussões (apenas com minha companhia), li algumas críticas para direcionar-me melhor para escrever esse texto. Vejo que não foi um dos melhores trabalhos de Almodovar (através delas), apesar de ser um dos mais famosos, e que realmente a história se perde na revelação dos mistérios. E as críticas, que eu pensei que teria, à sociedade, na realidade, quase inexistem.
É uma história de horror e loucura, que encabularia até os próprios loucos, pois acredito que ninguém gostaria de agir como o personagem de Banderas no filme. E pondera as irracionalidades humanas, seja a do cirurgião, seja a do personagem Vicent, ou o frágil emocional de Norma. E assim nos afeta culturalmente, apresentando-nos as possibilidades que poderiam acontecer devido a toda essa instabilidade da tao valorizada razão do ser humano.
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