terça-feira, 17 de maio de 2016

O apaixonante cinema de Pedro Almodovar

   Interessada com propagandas na escola, resolvi ir em um filme desse diretor que já ouvira ser polêmico, mas nunca tinha visto um filme assinalado por ele. Infelizmente, olhei a programação errada do dia errado e não consegui entrar em uma sessão. Assim, acabei procurando um dos filmes mais famosos e de Almodovar e assisti junto de minha prima. E, apesar de não ter funcionado ir até o Sesc Palladium para la analisar a produção, acho que minha experiência ainda conta...


  A Pele em que Habito conta a história de um cirurgião louco interpretado por Antonio Banderas que, após a morte de sua mulher em um incêndio, usa uma cobaia para tentar encontrar uma pele perfeita (misturando DNA humano com o de porco). Isso é tudo que o filme nos conta no início. Assim surgem as questões, como quem é aquela mulher que tem o corpo usado para experimentos? Por que ela está presa em um quarto da casa? Por que a mansão só tem uma empregada? Quem é ela que parece ser mais que só isso?
   Não responderei as perguntas em nome daqueles que ainda não assistirão o filme, mas no auge de nossa curiosidade os dilemas começam a se explicarem de uma forma calma e mas que só trás sentimentos de desgosto e incômodo para nós expectadores. Em certo momento você se apavora pensando no "será que..." E fica ainda mais horrorizado quando descobre que sua hipótese estava certa. O final do filme é para se refletir durante tempos: seria aquela história possível? Minha prima diversas vezes tornou a se indignar "Mas naquela cena do início do filme, era tal pessoa!" E eu fiquei na mesma reação.
   Mas não comprei a história contada. A paixão enlouquecida, o trágico trauma de um assédio não me convenceram. É uma história interessante e aterrorizante, mas não promete um terror psicológico ou mesmo um drama simpatizante. Nenhum personagem, na minha opinião, conseguiu fazer com que torcêssemos por ele. Antonio Banderas é um louco que poderia ter esse potencial, mas durante todo o filme nenhuma diferença fazia se ele morresse ou não. Assim tambem com a personagem Vera, que deveria ser mais forte e nos fornecer um sentimento de vingança.
   Como não participei de discussões (apenas com minha companhia), li algumas críticas para direcionar-me melhor para escrever esse texto. Vejo que não foi um dos melhores trabalhos de Almodovar (através delas), apesar de ser um dos mais famosos, e que realmente a história se perde na revelação dos mistérios. E as críticas, que eu pensei que teria, à sociedade, na realidade, quase inexistem.
   É uma história de horror e loucura, que encabularia até os próprios loucos, pois acredito que ninguém gostaria de agir como o personagem de Banderas no filme. E pondera as irracionalidades humanas, seja a do cirurgião, seja a do personagem Vicent, ou o frágil emocional de Norma. E assim nos afeta culturalmente, apresentando-nos as possibilidades que poderiam acontecer devido a toda essa instabilidade da tao valorizada razão do ser humano.

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